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AS BEM AVENTURANÇAS - PART 2

As Bem Aventuranças - Parte 2
As Bem-Aventuranças – Parte 2
por Thomas Watson  (1620-1686)
Traduzido, reduzido e adaptado do original em inglês, em domínio público, pelo Pr Silvio Dutra  
“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (Mt 5.4).
 Há oito degraus na escada da bem-aventurança. Eles podem ser comparados à escada de Jacó que alcançava o topo do céu. Nós já analisamos o primeiro e agora falaremos sobre o segundo degrau.
Nós temos que passar pelo vale das lágrimas para podermos chegar ao paraíso.
Choro é um assunto triste e desagradável para se tratar, mas não é nisto em que consiste a bem-aventurança, senão no consolo que vem depois do choro.
O choro é colocado aqui no lugar do arrependimento.  E o que o texto quer afirmar é que os quebrantados são bem-aventurados, porque embora as lágrimas dos santos sejam lágrimas amargas, contudo elas são lágrimas abençoadas. 
Há uma tristeza mundana que consiste geralmente no lamento pela perda de coisas terrenas, e há uma tristeza diabólica que é o lamento por não se poder satisfazer à luxúria.
Há dois objetos da tristeza espiritual referida por Jesus nesta bem-aventurança: tristeza pelo nosso próprio pecado, e tristeza pelo pecado de outros.
Enquanto nós tivermos o fogo do pecado queimando sobre nós, temos que ter a água das lágrimas para extingui-lo (Ez 7.16).
Crisóstomo dizia que bem-aventurados não eram necessariamente aqueles que choram pelos mortos, mas os que choram por causa do pecado. E realmente é uma boa razão chorar pelo pecado, se nós considerarmos a culpa do pecado em despertar a ira de Deus. E afinal, uma pessoa culpada não lamentará a sua culpa? Ainda mais quando esta culpa é contra o próprio Deus? Pois ele é a parte principal que é ofendida pelos nossos pecados. 
O pecado é a pior das enfermidades e você não chorará por esta terrível doença?
Um verdadeiro quebrantado vê o pecado como ele é e com todas as suas agravações mortais, e isto lhe faz se humilhar profundamente diante de Deus. Ele não disfarça a sua doença diante do Senhor mas lhe permite ver todo o mal que há nele para que possa, como médico, fazer o diagnóstico correto para a cura. 
A Caim aborreceu mais o castigo que Deus proferiu sobre ele, do que o seu próprio pecado. Ele disse que o seu castigo era mais do que o que ele poderia suportar. Em vez de chorar e se arrepender ele se endureceu no seu pecado. Assim a declaração de Caim é uma rebelião e não uma demonstração de arrependimento. Tal como ele há muitos que rasgam as suas vestes diante de Deus, mas não os seus corações.
Um arrependimento sincero é espontâneo e voluntário. 
Um arrependimento verdadeiro é espiritual, pois nos faz lamentar muito mais pelo pecado do que pelo sofrimento ao qual o nosso pecado deu causa. Faraó estava triste pela pestilência que o Egito estava sofrendo, mas não pela pestilência que havia em seu próprio coração endurecido, que estava dando causa a tudo aquilo.
Um pecador pode assim lamentar os juízos que acompanham os seus pecados, e não lamentar propriamente pelo pecado.    
O pecado vai ao contrário da natureza de Deus porque Deus é Santo e o pecado é uma coisa impura.
Se Deus é de uma mente, o pecado é de outra, pois o pecado faz tudo o que pode para ofender a Deus. A palavra hebraica para pecado, Z@¢k¢G  , hatat, significa rebelião. Um pecador luta contra Deus. Então bem-aventurados são todos os que conhecem o que significa o pecado e que se entristecem pela sua condição de pecadores que são, com o desejo de serem santificados por Deus e serem libertos dos seus pecados.   
Nós temos que lamentar pelo pecado como sendo a forma de ingratidão mais alta. Nós pecamos contra o sangue de Cristo e contra a graça do Espírito Santo e não lamentaremos? Nós reclamamos da descortesia que sofremos de outros e não lamentaremos a nossa própria descortesia para com Deus?
Se temos recebido as jóias das misericórdias de Deus nós a usaremos para pecar? Isto é mais do que ingratidão, pois é também traição.
Mas não são apenas estes os motivos pelos quais devemos lamentar por causa do pecado. Nós devemos lamentar também o fato de o pecado nos impor uma privação, pois nos impede de ter comunhão com Deus.  
Por isso as lágrimas do evangelho devem cair do olho da fé. Se estas lágrimas espirituais de tristeza pelo pecado não fluírem de nós, de maneira alguma poderemos receber as consolações do Espírito Santo, traduzidas no derramar das suas graças em nossos corações.
O pecador se admira mas o penitente se detesta. Mas as lágrimas do penitente o tornarão mais santo. O penitente sabe que é uma grande tolice tentar dizer que o dia está claro quando o que prevalece são as trevas da noite. Daí nunca dirá estar arrependido enquanto prevalecem as sombras escuras em sua vida.
As águas de um verdadeiro arrependimento são águas que limpam. Elas levam para longe, como numa inundação, toda a sujeira de nossos pecados.
“Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte.” (II Cor 7.10).
E este tipo de tristeza pelo pecado que é segundo Deus, traz indignação contra o pecado, luta contra o pecado, defesa da justiça de Deus:
“Pois vede quanto cuidado não produziu em vós isto mesmo, o serdes contristados segundo Deus! sim, que defesa própria, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo provastes estar inocentes nesse negócio.” (II Cor 7.11). 
 A palavra hebraica para olho, O¦I¢R , ain, é a mesma usada para fonte, manancial. Isto indica que nossas lágrimas por causa do pecado têm que jorrar continuamente de nossos olhos espirituais, assim como a água que jorra de uma fonte.
As águas do arrependimento não devem transbordar somente pela manhã, mas durante todos os períodos do dia. Como Paulo disse: eu morro diariamente‘”” (I Cor 15:31), assim um crente também deveria dizer: “eu lamento diariamente”. Diz-se de John Bradford, um  santo eminente, que não se sabe de um só dia em que ele não tivesse derramado algumas lágrimas por causa do pecado.
E esta tristeza pelo pecado é o melhor antídoto contra a apostasia.
Até mesmo os próprios filhos de Deus têm que lamentar pelo pecado, pedindo perdão a Deus, para perdoar pecados passados, presentes e futuros, porque assim como o arrependimento é renovado, o perdão também é renovado.
Caso os pecados pudessem ser perdoados antes de serem cometidos, isto tornaria nulo o ofício de Mediador e Sumo-Sacerdote de Cristo, porque não haveria necessidade da intercessão dEle em nosso favor junto do Pai. É importante saber que embora o pecado seja perdoado, ela ainda tentará se rebelar, embora seja coberto, no entanto não está curado (Rom 7.23). Assim como a água penetra no casco de um barco furado, e deve ser escoada continuamente para que o barco não afunde, de igual modo navegamos nas águas do pecado que devem ser continuamente escoadas através do arrependimento.
E assim como nós lamentamos pelos nossos próprios pecados, devemos também lamentar pelos pecados de outros. Lamente pelos erros e blasfêmias da nação. Lamente pelo quanto a vontade de Deus é transgredida no mundo,  quanto a Sua Palavra é desonrada e quanto o Seu santo nome é blasfemado. Nossas lágrimas podem ajudar a extinguir a ira de Deus que está pronta a ser despejada sobre o mundo pecador. Por isso a Palavra nos ordena a interceder em favor de todos os homens, e a maior parte desta intercessão consiste no pedido de misericórdia a Deus pelos seus pecados:
“1 Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens,
2 pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade.” (I Tim 2.1,2).
Quando há sinais de que a ira de Deus está pronta para irromper sobre a nação, sobre os nossos lares, igrejas, não há momento mais oportuno para intensificarmos a nossa tristeza em arrependimento pelo pecado, porque quando Deus tira a Sua espada da bainha para pelejar contra o mundo de pecado, quando parece que Ele está de pé no limiar do templo (Ez 104) pronto para levar de nós o Seu evangelho e nos abandonar, nossas lágrimas possivelmente podem fazer com que cesse a Sua ira e Ele volte a ser favorável a nós (Os 11.8).   
A Ceia do Senhor é também outro momento oportuno para nos entristecermos pelos nossos pecados e confessá-los a Deus. Se ela foi instituída por Jesus para ser um memorial da Sua morte, então certamente Ele deseja que façamos uma justa avaliação dos nossos pecados, pois foi exatamente por causa deles que Ele morreu na cruz. E se é pela morte do Senhor que alcançamos misericórdia da parte de Deus, não podemos esquecer que sem uma tristeza amarga pelo pecado não podemos receber tal misericórdia, porque a ausência de tristeza pelo pecado indica o nosso desprezo pelo Seu sacrifício, e a falta de reconhecimento da necessidade que temos da Sua misericórdia para sermos perdoados.  
 A intensidade da tristeza pelo pecado é colocada por Deus na Bíblia como a mesma que é produzida pela dor da perda de um filho único:
“Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.” (Zac 12.10).
O grau de intensidade de tristeza pela morte de Cristo é na verdade uma tristeza pelo convencimento da grandeza do nosso próprio pecado quando entendemos que fomos nós os causadores da Sua morte. Assim é o convencimento da grandeza do nosso pecado que é produzido pela morte do Senhor na cruz, que produz a intensidade da tristeza pelo pecado naqueles que são verdadeiramente penitentes. E este reconhecimento agrada a Deus que diz deles serem bem-aventurados porque choram. 
Quando há ausência desta sensibilidade pelo pecado o coração permanece endurecido como pedra. E uma pedra não é sensível a qualquer coisa. Um coração de pedra é conhecido por sua inflexibilidade. Uma pedra não se Dora e não se rende ao toque. Por isso um coração endurecido não se inclinará diante do cetro de Cristo.   
Há muitos murmuradores, mas poucos quebrantados de coração. A maioria está como o chão rochoso no qual há falta de umidade  (Lucas 8:6). 
Nós ouvimos muitos lamentos em tempos difíceis, mas os que lamentam não estão conscientes de terem um coração endurecido.
Quando Deus chama os homens ao arrependimento em vez de lamentarem por seus pecados eles endurecem seus corações e se alegram em suas luxúrias em vez de se entristecerem, eles se colocam na situação de juízo extremamente perigosa, citada em Is 22.12-14:
“12 O Senhor Deus dos exércitos vos convidou naquele dia para chorar e prantear, para rapar a cabeça e cingir o cilício;
13 mas eis aqui gozo e alegria; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho, e se diz: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.
14 Mas o Senhor dos exércitos revelou-se aos meus ouvidos, dizendo: Certamente esta maldade não se vos perdoará até que morrais, diz o Senhor Deus dos exércitos.” (Is 22.12-14).
É exatamente para evitar este terrível endurecimento de coração que o apóstolo Tiago nos ordena a transformar o nosso riso em pranto, quando há pecados em nós ou em outros para serem lamentados, em vez de vivermos nos alegrando desconsiderando tais pecados numa clara demonstração de desprezo aos juízos de Deus.
“Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza.” (Tg 4.9).
Quando o Espírito Santo nos constrange e nos inspira a lamentar por causa do pecado o melhor a fazer é permitir que a tristeza invada o nosso coração e nos leve a clamar por misericórdia a Deus, porque é somente isto que pode nos trazer a esperança de perdão e restauração, e não somente isto, sermos consolados pelo Espírito Santo, conforme a promessa da bem-aventurança para os que choram.  
É melhor chorar pelo pecado e ser alegrado por Deus, do que se alegrar agora no pecado, e depois chorar eternamente num juízo eterno. 
É neste sentido que entendemos as palavras proferidas por Cristo:
“24 Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.
25 Ai de vós, os que agora estais fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos lamentareis e chorareis.” (Lc 6.24,25).
É somente quando o pecado cessar que as lágrimas também cessarão (Apo 7.17).
Por isso, enquanto estivermos neste mundo, devemos evitar a todo custo a maldição de um engano terrível que é muito comum de se ver, pois não são poucos  os que afirmam a misericórdia de Deus como pretexto para continuarem em seus pecados. Assim, alguém afirma que Deus é misericordioso e então se entrega à prática deliberada do pecado. Mas afinal para quem é a misericórdia? Para o pecador presumido ou para o pecador entristecido?  Encontramos a resposta em Isaías 55.7:
“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.” (Is 55.7). Não há misericórdia para aquele que não pretende abandonar o pecado. Deus faz uma proclamação de misericórdia ao quebrantado, e como pode então aquele que vive abertamente em rebelião contra Ele reivindicar o benefício do Seu perdão? 
Outro grande perigo para o endurecimento do coração é o considerar que há pecados pequenos que não são considerados por Deus. “Não é um pequeno pecado?”. Eles dizem. E assim ficam endurecidos e insensíveis e incapazes de lamentar por suas misérias.  
E quem buscará a Deus com um coração penitente em busca de misericórdia que pense que o pecado é apenas uma coisa leve?
Nenhum pecado pode ser pequeno porque está contra a Majestade do céu.
Não há nenhuma traição pequena, porque todas elas são contra a pessoa do Rei.
O menor pecado de uma só pessoa já justificaria o preço de sangue que Jesus pagou pelo pecado na cruz. Afinal foi somente por causa de uma só transgressão, a do pecado original, que tudo morre no universo.
Não permita portanto que Satanás lance uma nuvem diante de sues olhos para que você não veja a real dimensão do pecado.
E ninguém se iluda com a infinita paciência e longanimidade de Deus que faz com que ele não execute imediatamente a Sua sentença sobre o pecado (Ec 8.11). Deus não é um credor precipitado que requer o pagamento imediato da dívida e que não dá nenhum tempo para o seu pagamento. A longanimidade de Deus não deve ser portanto um motivo para abusarmos da Sua bondade e graça, e assim nenhum crente verdadeiro deveria permitir que o canal da tristeza que conduz ao arrependimento seja obstruído pela corrupção do pecado. 
Estar endurecido debaixo da longanimidade de Deus não tornará nossa condição mais favorável, porque justiças enraivecidas vingarão o abuso da longanimidade. Deus foi paciente para com o mundo antigo nos dias de Noé, antes de enviar o dilúvio; de igual modo o foi para com Sodoma e Gomorra antes de destruí-las pelo fogo. Deus pode adiar o castigo por algum tempo, mas isto não significa que a justiça esteja morta ou que durma. O juízo do Senhor é como uma pedra que cai, cujo peso de impacto é maior quanto maior for o tempo da sua queda.
Pecados contra a paciência de Deus são pecados terríveis porque nem mesmo os anjos caídos cometeram este tipo de pecado que é contra a misericórdia e longanimidade de Deus.   
Lembremos que não são os juízos do Senhor que nos conduzem ao arrependimento, mas a Sua bondade (Rom  2.4). É por isso que o Espírito Santo é um espírito de graça e de súplicas (Zac 12.10) e intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rom 8.26). Então é preciso que o Espírito Santo produza em nós quebrantamento de coração e inspire nossas tristezas pelo pecado para que nós possamos expressá-las.   
E o consolo prometido no texto da bem-aventurança é também produzido pelo mesmo Espírito.
Observe que Deus reserva a melhor safra do seu vinho para o final. Primeiro ele prescreve tristeza pelo pecado e então serve por último o vinho da consolação. O diabo faz exatamente o contrário. Ele serve o melhor primeiro e reserva a pior safra para o final. Primeiro, ele mostra o vinho que brilha no copo, então vem a picada da serpente (Pv 23.32). E satanás oferece os seus pratos delicados diante dos homens. Ele apresenta o pecado a eles de uma forma colorida, atraente, com beleza, adocicado com prazer, prateado com lucro, e então a triste conta é trazida. Ele mostrou primeiro a Judas a isca prateada, e então o golpeou com o anzol. Esta é a razão por que o pecado tem tantos seguidores, porque mostra o melhor primeiro. Primeiro, as coroas douradas, então vêm os dentes dos leões (Apocalipse 9.7, 8). 
Mas Deus mostra o pior primeiro. Primeiro ele prescreve uma porção amarga, a do arrependimento (os que choram), e então traz uma recompensa: ‘Eles serão consolados.‘  
Por isso as lágrimas do evangelho não são perdidas porque são sementes de consolo divino. Depois da corrente de lágrimas o Espírito Santo faz fluir no nosso interior uma corrente de alegria. Daí se dizer que aqueles que semeiam em meio a lágrimas ceifarão com alegria (Sl 126.5).
O coração quebrantado é esvaziado do orgulho e então Deus o enche com a Sua bênção.
O vale de lágrimas traz à alma um paraíso de alegria. A alegria de um pecador produz tristeza. A tristeza do quebrantado produz alegria. “Sua tristeza será transformada em alegria” (João 16:20).
As consolações que Deus dá aos quebrantados excedem todos os demais consolos e a raiz na qual estes confortos crescem é o Espírito Santo. Ele é chamado ”o Consolador” (João 14.26), e é dito consolo porque é um fruto do Espírito (Gl 5.22).  
E o Espírito conforta aplicando as promessas a nós mesmos e ajudando-nos a tirar águas desses mananciais da salvação. O Espírito derrama o amor de Deus no coração do crente e sussurra secretamente a ele o perdão que recebeu para os seus pecados, e a visão do perdão dilata o coração com alegria.
Estes confortos são reais e verdadeiros, porque o Espírito de Deus não pode testemunhar aquilo que é falso.
Há muitos nesta época que fingem confortar, mas os confortos deles são meras imposturas. Os confortos dos santos são verdadeiros porque eles têm o selo do Espírito Santo fixado neles.
Quando um homem é trazido aos mandamentos de Cristo, para crer e obedecer, então ele fica ajustado para receber a misericórdia. É por isso que antes de consolar o Espírito primeiro convence do pecado.
E quando o cora;ao é arado pelo convencimento do pecado Deus semeia nele a semente do conforto.
Assim, aqueles que se vangloriam de conforto, mas nunca foram convencidos ainda de seus pecados, nem quebrantados por causa dos seus pecados, devem ter motivo para suspeitar que o conforto deles não passa de uma ilusão de Satanás.
O Espírito de Deus é um Espírito santificante, antes de ser um Espírito consolador.
A graça é o trabalho do Espírito e o conforto é o selo do Espírito.
O trabalho do Espírito vem antes do selo. Alguns falam do Espírito confortante mas nunca tiveram o Espírito santificante. Estas alegrias são espúrias. Estes confortos deixarão os homens na morte. Eles terminarão em horror e desespero. O Espírito de Deus nunca fixará o Seu selo num espaço em branco. Primeiro, o coração deve ser uma epístola escrita com o dedo do Espírito Santo, e então é lacrada com o Espírito da promessa.
Quanto mais cheio estiver um navio de cargas, mais devagar ele velejará. E quanto mais um crente estiver cheio dos consolos do Espírito mais humildemente ele caminhará neste mundo. Quanto mais uma árvore estiver carregada de frutos, mais encurvados ficarão os seus ramos. Quanto mais cheios estivermos do fruto da alegria e paz do Espírito, mais nós nos dobraremos em humildade. Por isso aquele que era o chefe dos apóstolos se intitulava a si mesmo o principal dos pecadores e o menor dos santos.  
O diabo é capaz, não somente de se transfigurar em anjo de luz (II Cor 11.14) como também em se disfarçar em consolador. Mas os consolos de Deus nos conduzem à humilhação  porque não permitem que sejamos inchados com orgulho, apesar deles elevarem o nosso coração em gratidão.   
E os confortos que Deus dá aos quebrantados não são misturados. Eles não trazem pesar (II Cor 7.10). Mas os confortos mundanos são como vinho misturado a sedimentos, porque em meio aos sorrisos o coração está triste. O pecador pode ter um rosto sorridente mas uma consciência que o acusa.
Mas os confortos espirituais são puros. Eles não são misturados com culpa porque lançam fora o medo e trazem o perdão de Deus. De modo que o consolo que vem depois da tristeza pelo pecado é alegria do Espírito, e nada mais do que alegria. 
Tão doces são estes confortos do Espírito que eles enfraquecem muito e moderam nossa alegria em coisas mundanas.Aquele que tem bebido do vinho do Espírito, não terá depois sede de água; e aquele homem que tem uma vez provado quão bondoso é o Senhor (Salmo 34.8), e bebido do Espírito, não terá sede imoderada por delícias seculares.
O Espírito Santo não pode produzir na alma alegrias impuras tal como o sol não pode produzir trevas. 
Assim aquele que tem os confortos do Espírito Santo se manifestando nele, nunca desejará negociar com o pecado, porque ele mataria tais confortos.
Os confortos que Deus dá para o quebrantados dele nesta vida são confortos gloriosos: “Alegria cheia de glória” (I Pe 1.8). Eles são gloriosos porque eles são um antegosto daquela alegria que nós teremos no céu.
São tão gloriosos os confortos do Espírito que um crente nunca está tão triste que não possa se alegrar.
Observe então que é verdadeiramente bem-aventurado o que chora, porque o quebrantado é um privilegiado, pois será confortado por Deus. Davi era o grande quebrantado de Israel e por isso veio a ser o suave salmista de Israel. A pomba que chora será coberta com as penas douradas do conforto. E quão permanentes e preciosos são estes confortos que trazem a nós a alegria do céu.
Entretanto, devemos lembrar que está nas mãos de Deus a cronometragem dos nossos confortos. E quando estes parecem nos faltar, na verdade eles aguardam apenas pela Palavra da bênção que será liberada por Deus no tempo oportuno, com nos fala o apóstolo Pedro a este respeito:
“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;” (I Pe 5.6).   
Assim, se estivermos por algum tempo sem as consolações do Espírito, não compete a nós disputar com a Soberania de Deus. Mas nos humilharmos debaixo da Sua potente mão esperando pelo tempo da nossa exaltação.
 Mas que a ausência destes confortos nunca seja motivada por falta de tristeza pelo pecado, porque será de se esperar neste caso, que tais consolações nos faltem.
Evitemos também o perigo de fazer da nossa própria tristeza o fundamento do nosso conforto, porque o fundamento não é a tristeza mas a graça e a misericórdia de Deus para com os nossos pecados, em Cristo Jesus. É no sangue de Cristo que temos o fundamento em que devemos fixar o nosso quebrantamento. 
Devemos evitar também cultivar um coração inquietado, porque um mar bravio não é acalmado facilmente. É difícil para um espírito preocupado receber conforto. Devemos portanto aprender a descansar a nossa fé na promessa de Deus, de que consolará o quebrantado de coração. Os olhos do quebrantado não devem portanto estar tão cheios de lágrimas ao ponto de lhe impedir de enxergar as promessas. A virtude e conforto de um remédio está em aplicá-lo. De igual modo quando as promessas forem aplicadas com fé, elas trarão conforto.
Uma mente mundana pode nos privar do conforto divino. Deus esconde o seu rosto daqueles que amam o mundo e que se conformam ao modo do mundo..Um coração, enquanto mundano, não deve contar com as consolações do Espírito Santo. Aquele que busca confortos terrenos apagará com estes confortos espúrios o verdadeiro conforto do Espírito.  
Devemos evitar também a tentação de fazer dos confortos divinos o fim mesmo da vida cristã, porque até mesmo ao Senhor faltaram tais confortos em determinados momentos de seu ministério terreno, e é de se esperar que o mesmo suceda a nós.  Mas embora um filho de Deus nem sempre tenha conforto expressado em flor, ele sempre o tem em semente. Embora ele não sinta conforto de Deus contudo ele está debaixo do Seu conforto. Um crente pode ser elevado em graça e baixo em conforto. As montanhas altas estão sem flores. As minas de ouro têm pequeno ou nenhum trigo que cresce nelas. O coração de um crente pode ser uma mina de ricos filões de graça, entretanto ser estéril de conforto. O quebrantado é o herdeiro do conforto, entretanto por um breve momento Deus pode abandonar as pessoas do Seu povo (Isaías 54.7), contudo há um tempo que vem brevemente quando os quebrantados terão todas as lágrimas limpas de seus olhos, e serão plenamente cheios de conforto. Esta alegria está reservada para o céu.


Pb. MARCUS VINICIUS
(12)8876-5996/8127-7847

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